sábado, 30 de maio de 2009

Os católicos diante do aborto

Os católicos diante do aborto

29/05/2009 -
Tribuna do Norte

http://tribunadonorte.com.br/noticias/110941.html

Atualmente, há um grande incentivo para que as pessoas sejam fiéis e leais ao que se convencionou chamar de identidade cultural. Afirma-se que esta lealdade é necessária porque a identidade cultural é um forte fator de agregação social e, além disso, ajuda as pessoas a se posicionarem dentro do multiculturalismo e da globalização.
Por este motivo, o cidadão é convocado a ser fiel e leal ao seu partido político, seu sindicato, seu time de futebol, sua novela, seu animal de estimação e até mesmo ao consumo de todo tipo de objeto inútil. Esta fidelidade é incentivada pela mídia, pelo Estado, pela escola e por outras estruturas sociais.
Entretanto, há uma exceção dentro do incentivo à fidelidade à identidade cultural. Essa exceção é a religião. Quando se trata dos valores e preceitos religiosos, as pessoas são maciçamente incentivadas a renegarem esses valores e preceitos. As mesmas estruturas sociais (mídia, Estado, escola etc) que incentivam a fidelidade à identidade cultural, são as que renegam e até mesmo desprezam os valores morais oriundos da religião.
Um pequeno, mas significativo exemplo, é a questão do aborto. Há uma grande campanha para legalizar o aborto. A Igreja e, por conseguinte, todos os fiéis católicos, sempre se posicionaram de forma clara e objetiva no sentido de mostrar todos os aspectos negativos do aborto. Entretanto, ao invés de os fiéis católicos serem incentivados a continuarem leais à posição oficial da Igreja, como determina o princípio da identidade cultural, vê-se justamente o contrário. Incentivam-se os fiéis católicos a se rebelarem contra a Igreja e, por conseguinte, a se proclamarem defensores do aborto. Para este fim não faltam argumentos e sofismas linguísticos que afirmam, por exemplo, que o aborto é uma terapia, que é a porta da liberdade e da felicidade, que a Igreja é conservadora e não atualizou sua doutrina religiosa.
Diante dessa tentativa de legalizar o aborto por meio da promoção da insurreição dos fiéis católicos contra a Igreja, é preciso construir dois breves argumentos: primeiro, essa tentativa demonstra como o princípio do multiculturalismo é fraco. A sociedade contemporânea afirma aceitar qualquer expressão cultural, até mesmo o uso de drogas ilegais, mas não aceita a moral religiosa, a qual é acusada de ser conservadora e autoritária. Isso revela como a sociedade é preconceituosa. Usar drogas ilegais pode, seguir a moral cristã não pode. Segundo, pelo que consta, os valores religiosas estão acima de muitos outros valores como, por exemplo, partidos políticos, sindicatos, times de futebol. Se o cidadão é convocado a ser leal a tais valores, o mesmo cidadão, por uma questão ética, deve ser muito mais leal aos valores religiosos. Esta fidelidade se deve ao fato de os valores religiosos terem demonstrado ser mais constantes do que qualquer outro valor. Partidos políticos e times de futebol possuem um período de tempo para existir. As novelas e objetos de consumo acabam rapidamente. Entretanto, a religião provou extrapolar todos os prazos de validade. Isto acontece porque ela trabalha com o eterno e com o que há de mais nobre e valioso que o ser humano já teve acesso.
É lamentável ver que as pessoas são incentivadas a serem leais a partidos políticos, times de futebol e até mesmo a novelas, mas este mesmo incentivo não é realizado quando se trata dos valores morais religiosos. E essa lamentação se dá principalmente diante do aborto. Ninguém parou para ver o óbvio: o bebê no ventre da mãe é a possibilidade de reprodução da vida que Deus deu ao ser humano. Matar o bebê no ventre da mãe é matar essa possibilidade. É negar a própria vida. Por esse motivo, os católicos devem continuar fiéis à doutrina da Igreja, que condena duramente o aborto, e não aderirem ao preconceituoso princípio que exclui a religião da discussão dos problemas da vida social.

domingo, 10 de maio de 2009

A novela Paraíso: um exemplo do marketing ateu

Atualmente no horário de 18h00 a Rede Globo de Televisão está regravando e retransmitindo uma novela que a própria Rede Globo transmitiu na década de 1980, ou seja, a novela Paraíso. Sinteticamente, o enredo dessa novela é o seguinte: numa pequena e atrasada cidade do interior, profundamente influenciada pelos valores e modismos sociais das cidades grandes, uma jovem moça católica conhecida como “santinha” vivi um dilema, ou seja, seguir os valores da religião ou viver um caso de amor – que pode se transformar até em casamento – com um jovem aventureiro que se auto-proclama “filho do diabo”. Em torno desse dilema circulam uma série de personagens que vão desde o padre, passando pelas moças alienadas até chegar aos tradicionais fazendeiros que aparecem nas novelas, conhecidos como “coronéis”, que nunca trabalham, mas que levam uma vida confortável.

O interessante da atual retransmissão da novela Paraíso é que, dessa vez, a Rede Globo não escondeu seu espírito secular e seu interesse em propagar o evangelho do ateísmo.

É interessante notar que atualmente há uma grande exigência para que as novelas sejam realistas e transmitam a mais profunda essência dos grupos e estruturas sociais. Um bom exemplo dessa exigência são os personagens homossexuais, deficientes físicos ou de alguma minoria étnica. Esses personagens são apresentados pelas novelas, principalmente as novelas da Rede Globo, com grande realismo. No entanto, há uma grande exceção a essa regra: é justamente a religião cristã. Todos os personagens (padres, freiras, missionários, fiéis, etc) que de alguma forma são cristãos são apresentados de forma estereotipada e superficial. São sempre personagens alienados, com profundos problemas psicológicos, dados ao álcool e a fofocas, e na maioria das vezes são perversos e cruéis. A imagem dos cristãos que as novelas apresentam, especialmente a Rede Globo, é muito diferente da realidade encontrada dentro dos templos cristãos em todo o território brasileiro. Quando o assunto é o Cristianismo a Rede Globo não segue o princípio de apresentar a realidade e a mais profunda essência dos grupos sociais.

Um pequeno mais significativo exemplo desse problema é a novela Paraíso. Nesta novela encontramos a personagem central, a “santinha”, rezando para uma Santa que ninguém sabe o nome. É a Virgem Maria? É Santa Rita de Cássia? É Santa Luzia? Ninguém sabe. A novela Paraíso é uma espécie de “manual do desconhecimento religioso”.

Além disso, na novela a “santinha” perdeu a fé com muita facilidade e chegou para sua mãe – a personagem “beata”, representada pela atriz Cássia Kiss – e disse duas coisas:

1) O tempo que passou no Convento (a jovem “santinha” fez um curso em um convento católico) foi um tempo perdido. É interessante notar que se esse raciocínio for levado ao pé da letra muita coisa na sociedade contemporânea será considerada perda de tempo. Por acaso, não será perda de tempo assistir as novelas, incluindo as da Rede Globo? Não será perda de tempo assistir aos diversos campeonatos de futebol? Não será perda de tempo passar horas nos Shopping Centres? Essas perguntas são um bom tema para reflexão nas novelas.

2) O personagem “santinha” chegou para a mãe, a “beata”, e disse: “Eu falei pra santa (que ninguém sabe quem é) que não vou cumprir a promessa (a “santinha” fez uma promessa) e eu acho que ela entendeu”. É interessante notar que tradicionalmente as novelas cobram ou estimulam as pessoas a cumprirem com seus deveres. Nas novelas as pessoas devem votar, torcer por seus times de futebol, participar de festas, principalmente do carnaval. O único dever que as novelas não estimulam é o dever com o sagrado, com o divino. Nas novelas o sagrado é algo desnecessário e, portanto, não deve ser praticado. Qualquer coisa tem valor nas novelas, menos o sagrado.

A atual novela Paraíso é um bom exemplo do marketing ateu. Nesta novela tem-se uma “santa” que ninguém sabe o nome, é realizada uma exaltação do “filho do diabo” e não do Filho de Deus, ou seja, de Jesus Cristo, o padre da cidade não realiza qualquer atividade de evangelização, os cristãos piedosos são rotulados de “beatas” e se quer aparecem nas cenas da novela. É uma novela que as orações e os atos de fé cristã são apresentados como superados e antiquados. Nesta novela o moderno é falar do “filho do diabo”, viver de fofocas e de sonhar com o estilo de vida secular e até mesmo pagão das grandes cidades.

As novelas funcionam no Brasil como uma espécie de “catecismo secular” onde as pessoas, ao assistirem as novelas, aprendem o que deve ser feito no cotidiano, o que é certo e errado. Pelo enredo da novela Paraíso qualquer cidadão que tenha o mínimo de senso crítico vai perceber que para a Rede Globo o correto é não ter nenhuma religião. Ou melhor, a única religião que deve ser praticada não é o Cristianismo, mas o culto as próprias novelas. A novela Paraíso está dizendo para todos os brasileiros: “Não precisam acreditar em Deus, ir a Igreja e fazer orações. O que os brasileiros precisam é apenas assistir as novelas e acreditar em tudo o que elas ensinam”. Mesmo que esse ensinamento seja o culto ao “filho do diabo”. O Paraíso que a Rede Globo tem a oferecer aos brasileiros não é o Paraíso bíblico, anunciado por Jesus Cristo, mas é o paraíso da alienação das novelas. E infelizmente multidões de brasileiros atualmente vivem iludidos correndo atrás do paraíso oferecido pela Rede Globo e não correm atrás do Paraíso oferecido gratuitamente por Jesus Cristo.