terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre os atentados no Rio de Janeiro

“Não crie uma cobra, ela vai lhe morder” (Ditado popular).


Desde o último domingo, 21/11/2010, o Rio de Janeiro vem sendo alvo de ataques do crime organizado. Esses ataques utilizam as conhecidas manobras, entre outras, de incendiar carros e alvejar com tiros postos policiais e outros estabelecimentos públicos. Na verdade o crime organizado carioca está utilizando técnicas de terrorismo urbano. Ele está tentando impor o medo e o terror a população da cidade do Rio de Janeiro e também de todo o Brasil.

Nesse momento de perturbação da ordem e da real ameaça à vida de cidadãos inocentes é preciso ficar do lado do poder público e das formas militares. Além disso, é preciso se dizer uma justa verdade, ou seja, ao contrário de outros governos cariocas, os quais faziam vista grossa contra o crime, o atual governo do Rio de Janeiro tem se esforçado, dentro das limitações técnicas e financeiras, para combater o crime e finalmente trazer paz para a cidade maravilhosa.

Todavia, é precisa perguntar: como grupos de bandidos cariocas tiveram acesso a informações e táticas de guerrilha urbana? Essa é uma boa pergunta para ser respondida pelo comando da polícia militar carioca e da inteligência brasileira. Apesar dos detalhes dessas informações serem de uso restrito das agências de informação e de muitas histórias que circulam sobre o crime organizado não passarem de pura especulação é preciso aventar duas sérias hipóteses.

Primeira, o crime organizado carioca e outras ramificações, como, por exemplo, o crime organizado de São Paulo, teve acesso as informações por meio de manuais, que ensinam as táticas de guerrilhas e de terrorismo, que se encontram na internet e até mesmo em bibliotecas públicas. Um bom líder do crime organizado pode muito bem ter encomendado esse tipo de literatura e, com isso, organizado de forma estratégica as ações do seu grupo criminoso.

Segundo, grupos de criminosos, financiados pelo dinheiro do tráfego de drogas, contrabando de armas e outras atividades ilegais, contrataram ou estão contratando membros e ex-membros de grupos terroristas, como, por exemplo, as FARC e o ELN na Colômbia. Esses membros seriam contratados, por muito dinheiro, para ensinar as técnicas de guerrilha, seja rural ou urbana, para grupos criminosos brasileiros e de outros países.

É claro que tudo isso são hipóteses que precisam ser esclarecidas pela Polícia Federal e outros órgãos de segurança.

No entanto, é bom lembrar que no Brasil é costume se confundir movimento social com grupo criminoso, periferia pobre com quartel general de facção criminosa. Durante muito tempo os bandidos ficaram quase que livres para atuar em suas atividades ilegais. O motivo disso é que sempre tinha alguém que dizia: “Trata-se de um movimento social”, “Eles são representantes do povo, dos oprimidos”. Embalados por esse discurso o crime cresceu e se proliferou no Rio de Janeiro e em outras áreas do país. É preciso, com urgência, separar criminoso de movimento social. Movimento social não usa as táticas de guerrilha que estão sendo utilizadas por grupos criminosos no Rio de Janeiro.

Além disso, até hoje o Brasil não possui uma lei que regulamente a questão do terrorismo e de ações semelhantes. Essa discussão deverá ficar para outro texto, mas é sempre bom recordar que a legislação sobre o terrorismo e atos semelhantes nunca foi aprovada no Brasil, entre outras coisas, porque se costuma confundir movimento social com ação criminosa. Um bom exemplo disso é o MST. Esse movimento faz uma justa reinvindicação, ou seja, terra para quem quer plantar, mas infelizmente usa técnicas de guerrilha rural, no estilo “Guerra no Vietnã”. Há muito tempo o MST passou os limites entre a luta social, reconhecida pela legislação e pala sociedade, e a implantação do caos. No entanto, apesar de todas as advertências, o governo federal continua fazendo que não ouviu nada e não sabe de nada. E, com isso, o MST continua instalando o caos no país. Sobre essa postura do governo federal é bom lembrar um ditado popular que diz: “Não crie uma cobra, ela vai lhe morder”.

O MST é a cobra que o governo federal está criando. É bom recordar que nas décadas de 1980 e 1990 o crime organizado era visto como movimento social. Era a cobra que estava sendo criada, alimentada. Hoje todos os cidadãos pagam o preço caro e amargo da mordida da cobra, ou seja, o crime está espalhando o medo e o terror pelo Rio de janeiro e pelo Brasil. Sem contar na péssima imagem que estamos vendendo para o resto do mundo. Como vamos organizar uma Copa do Mundo e as Olimpíadas com esse caos? Como vamos ser um país desenvolvido se não oferecemos segurança aos cidadãos? Criar uma cobra, ou seja, confundir movimento social com organização criminosa, é prejudicial para todo mundo.

Paradoxalmente, as terríveis ações do crime organizado no Rio de Janeiro nos últimos dias são um bom momento para se deixar de criar a cobra, ou seja, para tratar criminoso como criminoso e movimento social como movimento social. Confundir as duas coisas termina gerando grandes problemas para a sociedade.

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