sábado, 25 de abril de 2009

Fernando Lugo, teologia da libertação e o neopopulismo

Nos últimos dias do mês de abril de 2009 a grande mídia nacional e internacional apresentou o caso dos filhos que o ex-bispo católico, líder da Teologia da Libertação (TL) na América Latina e atual presidente do Paraguai, Fernando Lugo, teve quando ainda exercia as funções sacerdotais. É preciso esclarecer que até o presente momento ele reconheceu a paternidade de três filhos e segundo analistas da política paraguaia este número pode segar a seis ou até mais. Em grande medida, o que a grande mídia faz é apresentar de forma escandalosa e sem reflexão esse caso. Obviamente, ninguém está defendendo a postura, no mínino, anti-ética de Fernando Lupo. Entretanto, é preciso ir além do escaldá-lo da paternidade múltipla de Fernando Lupo.

Fernando Lugo é um ex-religioso franciscano que, assim como Leonardo Boff, foi formado nas décadas de 1960 e 1970 dentro do ateísmo materialista do marxismo. Ele é o que se pode chamar, paradoxalmente, de padre ateu. É uma grande contradição existir um padre que seja ateu, mas a verdade é que entre 1960 a 1980 o secularismo e o ateísmo penetrou em muitos seminários católicos na América Latino, inclusive no Paraguai que hoje é governado por Lugo.

O problema não é o ateísmo. Dentro de uma sociedade livre e democrática uma pessoa pode escolher não acreditar em Deus. O problema é outro, ou seja, é o fato dos religiosos sem fé que se organizaram em torno da Teologia da Libertação passaram a fazer duas grandes coisas. Primeira, criticar abertamente a Bíblia, a hierarquia e o Magistério da Igreja. De repente dois mil anos de fé cristã foram postos em xeque não por inimigos externos da Igreja, mas por padres e religiosos que foram formados dentro das instituições católicas. Segundo, já que esses religiosos, incluindo Fernando Lugo, não possuem fé e não acreditam em Jesus Cristo Salvador, então eles resolveram aderir radicalmente ao discurso secularizado na sociedade moderna. Discurso que afirma que o Reino de Deus será construído na terra e que, portanto, deve-se lutar para que as pessoas possam desfrutar dos benefícios da sociedade moderna. Este tipo de discurso é chamado de defesa dos pobres.

O problema é que tanto a Teologia da Libertação (TL) como um dos seus atuais líderes, ou seja, o ex-bispo Fernando Lugo, enveredaram não pelo caminho da liberdade e da democracia, mas pelo caminho socialista. É preciso deixar claro que em hipótese alguma está sendo criada uma igualdade entre a liberdade e a democracia com regimes políticos de direita. Muitos regimes políticos de direita são anti-liberdade e antidemocráticos.

Hoje quase ninguém sabe o que é socialismo. Tanto na grande mídia, como também nos livros de história o socialismo é pouco citado ou até mesmo esquecido. O fato é que do século XIX até 1989, quando houve a queda do Muro de Berlim, o regime socialista foi um dos piores pesadelos que a humanidade já viu. Poucos regimes foram tão tirânicos e totalitários como o socialismo. Entretanto, o que a TL e, por conseguinte Fernando Lupo, oferecem a América Latina é socialismo, ou seja, tirania e totalitarismo.

Se o socialismo é tirânico e totalitário, então como Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai?

Há dois grandes motivos para a eleição de Fernando Lugo à presidência do Paraguai. Primeiro, o Paraguai vinha sendo governando a décadas por um partido de direito populista e corrupto, o Partido Colorado. O povo paraguaio estava cansado de ser explorado por este partido. Segundo, Fernando Lugo utilizou à retórica neopopulista, que afirma que vai defender os pobres, fazer a redistribuição da riqueza social e, por fim, governar em nome de Deus, para se eleger.

É interessante notar que um ex-padre ateu como Fernando Lugo, que não obedece a hierarquia católica e não acredita no que a Igreja ensina, foi para o palanque político falar em Deus e nos valores morais cristãos. Somente uma política neopopulista, própria do início do século XXI, poderia proporcionar uma cena como essa.

Fernando Lugo, a Teologia da Libertação e políticos contemporâneos da América Latina como, por exemplo, Hugo Chávez e Evo Morales, apesar de não terem uma experiência mística falam em Deus, apesar de promovem políticas clássicas que só trazem a pobreza nacional, falam nos pobres. Parece que Deus e os pobres são os centros do discurso neopopulista que atualmente domina o cenário político latino-americano.

O problema é que Fernando Lugo, e a Teologia da Libertação representada por ele, não quer viver a experiência mística oriunda de Deus. Até porque ele aprendeu, em grande medida no seminário católico onde estudou, que Deus não existe ou se existe não é da forma como a Igreja historicamente apresenta-o. Ele também não quer defender os pobres. Para ele os pobres são massa de manobra para conseguir se eleger. O que ele realmente quer é o poder. Assim como todo projeto político autoritário e aventureiro o que se deseja realmente é poder. Ele não quer o poder para proclamar o Evangelho – que seria algo muito ético – ou para defender os pobres, mas para implantar o regime autoritário, ou seja, o socialismo. Dentro deste projeto neopopulista Deus e os pobres entram apenas como um trampolim, uma plataforma que irá lançá-lo direto para seu objetivo.

Não se deve pensar que a direita é ética e não deseja o poder. Em um passado recente a direita utilizou as mesmas táticas de Fernando Lugo, ou seja, falar em nome de Deus e dos pobres. No passado a esquerda era atéia – e ainda é. O problema é que hoje, protegida pela Teologia da Libertação, a esquerda não diz a verdade, ou seja, que é atéia, mas se apresenta como o novo representante de Deus. E é justamente com esse discurso neopopulista que Fernando Lugo e outros políticos latino-americanos estão vencendo sucessivas eleições e inclusive já falam abertamente em reeleições infinitas e, com isso, acabar com a democracia.

Para concluir é preciso perguntar: Por que o Vaticano – que é sempre tão cauteloso e rigoroso – nomeou um padre sem fé como Fernando Lugo para bispo da Igreja Católica? Imaginem o tipo de orientação que este homem dava aos seus padres e religiosos. Imaginem o tipo de conselho que ele dava aos seus fiéis. Pensem em quantas pessoas não foram desvirtuadas e perderam a fé por causa de Fernando Lugo. É preciso respeitar as decisões do Vaticano, afinal de contas o Vaticano é um Estado independente. Entretanto, o Vaticano precisa ser mais severo ao nomear um bispo. A questão é simples: cabe ao Vaticano levar a mensagem salvífica de Jesus Cristo ao mundo. Nomear um padre sem fé, como Fernando Lugo, para bispo é prejudicar a Evangelização e a imagem da Igreja. Além disso, pode acontecer algo terrível, ou seja, o nome de Deus ser misturado, de forma profana e herética, com a política neopopulista que atualmente vem despontando na América Latina.

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