domingo, 5 de abril de 2009

A presença dos neoconservadores no Estado

A palavra ou expressão neoconsercador ou simplesmente neocons (na abreviatura normalmente utilizada) está na moda dentro do que se convencional chamar de “crítica social”.

Não se tem um conceito efetivo do que é crítica social. Trata-se de um termo vago e impreciso que pode ser utilizado para indicar desde o jornalista medíocre que copia matérias da internet e diz que foi ele que escreveu, até mesmo o pensamento da esquerda totalitária e anti-democrática.

O fato é que para os críticos sociais os neoconservadores ou neocons é o indivíduo, pensador ou grupo social que defende os chamados valores tradicionais como, por exemplo, a família, a religião cristã e até mesmo a liberdade. Por esta simples definição o neoconservador ou neocons deve ser evitado e até mesmo banido do convívio social.

Segundo os mesmos críticos sociais a atual orientação política do mundo tende a ser “liberal” (outro termo vago e impreciso). Por “política liberal” entenda-se o relativismo cultural, a legalização das drogas e do casamento homossexual e todas as ações contrárias ao pensamento conservador.

Um dos mitos mais difundidos pelos críticos sociais é o fato dos neoconservadores ou neocons terem uma grande capacidade de se infiltrar nos altos níveis de administração do Estado. O grande exemplo dado pelos críticos sociais dessa capacidade foi o governo de Bush.

Entretanto, Hugo Estenssoro, num artigo intitulado A fantasia dos neocons, publicado na revista Primeira leitura (dezembro de 2004, p. 80-82), é taxativo ao afirmar: “Quase tudo o que proclamam os mais vociferantes ‘críticos’ do neoconservadorismo é falso ou imaginário. Longe de serem uma cabala os neocons não apenas são altamente visíveis, mas sequer formam um grupo de pressão no sentido normal do termo, isto é, um grupo que propugna um programa de ação coerente e unânime. Alguns deles, por exemplo, se opuseram publicamente à intervenção no Afeganistão ou no Iraque; outros são severos críticos à campanha no Iraque”.

A idéia de que os altos níveis da administração pública são dominados pelos neoconservadores é um grande mito. Mesmo o governo Bush deve que lidar com um grande número de burocratas liberais, esquerdistas e anarquistas. A verdade é que na maioria dos países do Ocidente o alto escalão do Estado é dominado por uma elite de esquerdistas- liberais que defendem a liberação das drogas e o casamento homossexual. Esse mito serve justamente a esses grupos, pois enquanto a opinião pública procura os neocons, os esquedistas-liberais aprovam leis e procedimentos administrativos que a maioria da população na concorda.

O mito do domínio dos neoconservadores na administração pública é uma espécie de boa de piranha, ou seja, enquanto procuram-se os neocons – numa espécie de caça as bruxas – a sociedade passa, sem perceber, pela revolução cultural que, por conseguinte, destruirá com todos os valores e conquistas sociais do Ocidente.

Pesquisas realizadas nos anos de 2007 e 2008 mostraram que a grande maioria dos altos funcionários públicos de países como a Inglaterra e os EUA não tinham qualquer ligação com os neoconas. Eram funcionários sem um ideal político (é conhecido à apatia que envolve a vida dos funcionários públicos) ou ligados a alguma ideologia da esquerda-liberal.

No Brasil não existem pesquisas que possam fazer um mapa do ideal político dos altos funcionários públicos. Entretanto, um pequeno exemplo é ilustrativo da opção política desses funcionários, ou seja, a festa de encerramento do curso promovido pela Escola de Administração do governo federal no ano de 2008. O homenageado dessa festa não foi nenhum pensador ou político neoconservador, mas simplesmente Heloísa Helena a pop star da estrema esquerda brasileira. Quem presta homenagem a Heloísa Helena – que defende os mais superados e autoritários valores da esquerda – fatalmente não é um neoconservador.

Infelizmente a verdade é que os neoconservadores estão na cena política alternativa, por meio de revistas, blogs e colunas em jornais. Eles não estão dirigindo os rumos do Estado. Quem dirige os rumos do Estado na atualidade é a esquerda-liberal. Talvez se os neoconservadores estivessem ocupando os altos cargos da administração pública, o Estado contemporâneo não fosse tão incompetente, corrupto e distante da vida das pessoas.

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