quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A ministra, o aborto e o Congresso

Em recente entrevista publicada pela Folha de São Paulo a futura ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes (PT), a qual tomará posso no dia 1o de janeiro de 2011, vez três declarações sobre o aborto: 1) Afirmou que o governo precisa cumprir a legislação que está em vigor, 2) O tema do aborto deve ser tratado pelo Congresso, 3) Não vê como obrigar alguém a ter um filho.

Aparentemente as afirmações da ministra Iriny Lopes (PT) estão dentro do mais sincero espírito democrático e liberal. No entanto, ao olharmos de perto essas declarações podemos ter outra conclusão. É preciso observar dois fatos.

Primeiro, a declaração que o governo precisa cumprir a legislação sobre o aborto, a qual está em vigor no Brasil, tem por objetivo frear as constantes críticas feitas ao PT, a seus dirigentes e a presidente Dilma Rousseff. Como é público o PT, incluído a militante Iriny Lopes, sempre defendeu o aborto. Para os líderes do PT o aborto é uma espécie de “porta da felicidade”. Qualquer problema conjugal, financeiro, emocional e de outra natureza pode ser resolvido por meio do aborto. Devido às duras críticas que foram feitas ao partido e a sua então candidata a presidência da república, Dilma Rousseff, o PT não mudou de ideia, mas mudou de estratégia. Agora o partido, incluindo militantes radicais, não falam mais abertamente em legalizar o aborto, mas em respeito a legislação. Esse discurso cai por terra quando a própria Iriny Lopes (PT) afirma que não se pode obrigar uma mulher a ter um filho. E o cumprimento da legislação? Então o Estado, o PT, à esquerda e outros grupos políticos podem obrigar a uma mulher a matar seu filho, ainda no ventre? Se realmente o PT tivesse mudado de opinião as declarações de Iriny Lopes teriam sido renegadas pela direção do partido e, inclusive, ela teria perdido a pasta da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A nomeação de uma histórica militante pró-aborto, neste caso Iriny Lopes, para a Secretaria de Políticas para as Mulheres demostra que o PT não mudou de opinião, apenas está maquiando o seu discurso.

Segundo, é muito estranho uma militante do PT vir a público dizer que algo, neste caso o aborto, deverá ser debatido e resolvido no Congresso. O PT é um partido nos moldes do “partidão socialista” onde uma elite de dirigentes pensa e a multidão de militantes, fieis marxistas, apenas diz “Sim”. Se Iriny Lopes veio a público fazer essa declaração é sinal que quem realmente pensa tal coisa é a cúpula do partido e não a próprio Iriny Lopes.

Além disso, é preciso ver que historicamente o PT sempre viu o Congresso como uma casa de corruptos e símbolo da decadência burguesa. Será que o PT mudou de ideia? O PT passou a ver o Congresso como um lugar privilegiado de debate social e democrático? É pouco provável. A declaração que o aborto deverá ser debatido no Congresso esconde a real intensão do PT. Com maioria no Congresso e apoio do pragmático PMDB, o PT tenciona dar uma espécie de “golpe branco”, ou seja, aprovar a legalização do aborto no Congresso sem, no entanto, ouvir ou debater com a sociedade brasileira. Vale salientar que, apenar de todos os milhões de reais gastos em propaganda pró-aborto, a maioria absoluta da população brasileira continua sendo contra a essa prática.

Para o PT quem está errado é o povo brasileiro. Essa história de democracia e de debate social é coisa da decadente burguesia. Por isso, o PT usará a maioria que possui no Congresso para impor ao povo brasileiro sua agenda antiética, anti-natalidade, anti-vida e anti-família.

Nesse cenário entra em cena o pragmático PMDB. O PT aposta que doando mais dinheiro e cargos públicos ao PMDB conseguirá o apoio desse partido para a causa abortiva. Pelos movimentos políticos que estão surgindo atualmente, como, por exemplo, a defesa do aborto feita pelo populista governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, quem deverá apresentar o tão “sonhado” projeto de legalização do aborto deverá ser um político do PMDB. Os detalhes do pacto PT-PMDB não foram relevados. No entanto, tudo indica que faz parte desse pacto que políticos do PMDB, em troca de favores do governo petista, defendam e proponham ao Congresso a legalização dessa prática ilícita.

Se essa estratégia for verdadeira, então o PT estará protegido. De um lado, o partido vai realizar o “sonho” de ver o aborto legalizado no país e, com isso, poderá obrigar as mulheres a não terem filhos. Do outro lado, quem poderá criticar o PT e seus líderes? Afinal quem defendeu o aborto e fez o projeto para legalizá-lo foram políticos pragmáticos do PMDB. Políticos que em troca de dinheiro e cargos públicos legalizaram essa terrível prática.

É preciso ficar de olho no PT e em seus líderes. Ninguém se engane com o PT. Ele continua sendo o velho partido de sempre. O partido que vê a si mesmo como o único detentor, o possuidor do monopólio da verdade, da liberdade e da democracia. Neste caso, cabe ao cidadão apenas se curvar diante da ideologia do partido. O cidadão não precisa pensar, ter opiniões próprias, etc. O partido pensa pelo cidadão. Quem pensa por si mesmo, como é o caso do aborto, está errado. Para o PT a única opinião correta é a do próprio PT.

Nenhum comentário: