terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O papel da oposição na era do governo do PT

Vivemos mais um final de ano onde, na política, as notícias são as mesmas, ou seja, governo do PT faz transição para outro governo do PT. Não há novidades. É como se a democracia tivesse acabado ou então se vivêssemos em Cuba ou na Coréia do Norte. Não há novidades no mundo político.

Isso se deve ao fato que, depois do processo de redemocratização do país, o PT e a esquerda foram as grandes forças da oposição. Com a chegada ao poder do PT e, por conseguinte, da esquerda, a oposição no Brasil morreu. Não se vê mais as articulações políticas com o objetivo de se contrapor ao governo central.

O Brasil é um país órfão de oposição. Uma prova disso é a última campanha eleitoral. Enquanto o país inteiro questionava a agenda autoritária do PT que, entre outras coisas, pretende legalizar o aborto, limitar a liberdade de expressão e religiosa, os outros partidos, incluindo o PSDB, que deveria ser o líder da oposição, limitou-se a ver – como se estivesse em um teatro – toda a cena e não fazer ou dizer quase nada. Com isso, o PT ficou livre para desqualificar a multidão que usou, principalmente, a internet para protestar. Na prática, o cidadão ficou desprotegido da máquina eleitoral do PT.

É preciso ver que os segmentos que foram contemplados com a missão de fazer oposição, são segmentos muito peculiares. De um lado, temos setores, como, por exemplo, o DEM (ex-PFL), que sempre foram governo e não sabem ou ainda não aprenderam a ser oposição. Do outro lado, temos o PSDB, um partido que, oficialmente, é de centro-esquerda e que sempre viu o PT como uma espécie de “grande irmão”, “grande líder”, etc. Pode até não ser verdade, mas o fato é que a imagem que o PSDB passa para a sociedade é de um partido franco, que está contente em sempre ser o “segundo lugar”. E, com isso, ajudar ao PT a se perpetuar no poder.

A oposição precisa deixar de ser fraca. Ela precisa fazer, com a máxima urgência, uma espécie de “curso para aprender a ser oposição”. Não se trata de fazer uma oposição radical, fanática, como o PT fez a vida inteira a tudo e a todos no Brasil. No entanto, não se pode ficar com o conformismo, com o bom mocismo, de achar que o PT tem “boas intensões” para o país. Se essa prática continuar, nas próximas décadas continuaremos a ver o PT fazer a transição de governo para o próprio PT. Com isso, será o fim da democracia no Brasil.

Ninguém deve se enganar com o PT. Os líderes desse partido veem, a si mesmos, como verdadeiros reformadores sociais e, por conseguinte, o PT seria a Verdade e a própria Realidade. Todo o resto não passa de alienação e de decadência burguesa. Nesta visão, os lideres do partido pensam que tudo podem e tudo devem fazer. Que nada importa a não ser a visão do próprio partido. Assim como existe fundamentalismo religioso, também existe fundamentalismo político. Neste caso, o PT é um partido fundamentalista político de inspiração marxismo.

Um partido como o PT não joga as regras normais da democracia. Para o PT a democracia é apenas – e somente isso – um meio para chegar ao poder. Depois que se atinge o poder, a intensão do PT é ficar no poder para sempre.

Na era do governo do PT – que o próprio PT deseja ser eterna – é preciso denunciar os erros do governo, a corrupção, o aparelhamento do Estado em nome do partido, a fusão que o PT tenta fazer entre o Estado e o próprio PT, a tentativa de eliminar o Parlamento das discussões políticas, o crescimento vertiginoso do Estado, a tentativa de limitar a liberdade e, por conseguinte, interferir diretamente na vida privada dos cidadãos, etc, etc.

Com um partido que pensa desse jeito não se pode ter uma oposição “boazinha”. É preciso ir à luta, questionar de frente o projeto autoritário do PT. A ideia de Aécio Neves (PSDB), ou seja, de fazer uma “oposição qualificada”, juntamente com outros partidos da base da oposição e com setores conscientes e, por conseguinte, descontentes do governo, é ótima. Há tempos que a oposição precisa de qualificação. Vamos ver se essa ideia é posta em prática.

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